terça-feira, 26 de março de 2013

Dentro e Fora



Pode ser redundante eu postar novamente uma música do Luiz Tatit aqui no meu cantinho, mas publicá-la é necessário, pois a música desta postagem não sai da minha cabeça, e eu jamais me canso de Tatiar. No último fim de semana assisti, mais uma vez, o DVD Rodopio dele, e nos extras (como eu amo os extras desse DVD) tem a canção Dentro e Fora do Tatit, com parceria de Dante Ozzetti, e eu tenho que confessar, que independentemente do momento que eu esteja vivendo, eu me reconheço no diálogo dessa canção, epifania pura. 


Nessa canção percebe-se um diálogo entre dois sujeitos, vou classificá-los aqui como sujeito 1 e 2. É surpreendente o querer saber do sujeito1 da canção sobre como ele aparenta ser/ estar, sendo esse seu objeto valor. Interessante perceber a confiança mútua entre eles, pois o que o sujeito1 deseja saber do sujeito2 é muito particular e pessoal, com isso, o diálogo entre eles é tão dinâmico e certeiro que se cria a percepção de harmonia, quase uma junção, entre eles.


A resposta que o sujeito1 tem para o sujeito2 é de que ele está de um jeito, mas aparenta estar de outro jeito, ser/parecer evidente, pois por dentro ele está um caos (ser) e por fora está legal (parecer), o parecer legal nesse caso, parece ser o mais importante, porque se por fora está tudo bem, "o que é que tem demais? Você por fora está tão feliz...".

Dá para identificar esse ser/parecer do sujeito na nossa rotina, tem dias que dá mesmo essa sensação de vazio, como se não houvesse ninguém por dentro, mas a aparência tem que se manter ali, firme, forte, legal, e às vezes cansa ser de ferro, né?. 

Eu adoro essa canção, há muito que ser analisada nela, como tantas outras do Tatit, por trás de suas letras há total verossimilhança com a rotina, contendo drama com humor, ironia com inteligência.

Tatit canta o que sinto, em várias situações. Veja abaixo o vídeo deste diálogo, recomendo ouvir a canção acompanhada da letra. É lindo, deleitem-se!

Dentro e fora


Dante Ozzetti / Luiz Tatit


- Você chamou

- Quero saber

Me diz que tal eu tô

- Mas como assim?

- Que tal eu tô?

- Até que tá

- Mas como até?

- Até aonde dá pra ver

- Até que tá

- Então eu tô?

- Então cê tá

- Tá tudo bem

- Mas se faltar

- Faltar o quê?

- Pode dizer

- Você por fora tá legal

Legal, legal, legal, legal

- Estou legal por fora

- (Legal, legal)

- E aqui por dentro, não

- Por dentro, não

- Não vou dizer

- Tem que dizer

Por dentro o que é que tem?

- O que é que tem?

- Tem que dizer

- E se não tem?

- Como não tem?

- Até aonde dá pra ver

Não tem ninguém

- Então tô só?

- Então cê tá

Não tem ninguém

- Por que não tem?

- Não tem o quê?

- Não tem alguém

-Você por dentro está um caos

Um caos, um caos, um caos, um caos

- Estou um caos por dentro

- (Um caos, um caos)

- E aqui por fora, não

- Por fora, não

- E o que é que tem demais?

Você por fora tá tão feliz!

- Tô tão feliz!

- Quando você chora

Põe pra fora

Todo o caos

E fica bem

E sem ninguém

- Quero então chorar

Um chororô

Ói, já melhorou!

- Ri pra dentro

Chora fora

Ri pra dentro

Chora fora

- Calma!

Não sei se devo rir

Ou se é melhor chorar

Rio

- Dentro

- Choro

- Fora

- Sinto

- Dentro

- Grito

- Fora

- Penso

- Dentro

- Faço

- Fora

- Fico

- Dentro

- Caio

- Fora

Sim

- Tá um caos

- Enfim

- Mas tô legal...

Rio

- E chora

- Dentro

- E fora

 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Sobre ouvir e escutar



Ao Intrigar-me com uma situação onde a pessoa, falava falava falava e parecia me ouvir/escutar quando eu falava, só que não, decidi buscar textos que explicavam a diferença entre ouvir e escutar. Rapidamente explico meu entendimento do que li: ouvir é qualquer coisa que está acontecendo ao redor, ruídos que não damos atenção, algo rotineiro; diferente de escutar, que exige da pessoa foco, atenção, e digo mais, paciência, pois nem sempre há atenção necessária para escutar o próximo.


Bom, eu não vou negar que em muitas ocasiões “fechar” os ouvidos para algumas bobagens ditas faz parte, como também, com toda certeza, ouvidos já foram fechados para você, como sei que foram para mim (ai, que sensação ruim pensar nisso) pois é, passar por isso, quando se é despercebido, tudo bem (?) , ou seja, o tão lembrado ditado “o que os olhos não veem o coração não sente” sendo a máxima do negócio, sempre. Mas e quando o assunto é, vamos se dizer, sério, onde as partes pareciam estar em sintonia e se entendendo num contexto super legal pra caramba? Ser e Parecer sempre presentes.


Toda essa situação me colocou reflexiva sobre ouvir e escutar, tenho que confessar que não sabia que a diferença entre os dois era gritante, sobre mim, sobre outros, sobre comunicação...


COMUNICAÇÃO. Segundo o companheiro Aurélio, o dicionário, significa 1. Ato ou efeito de comunicar (-se). Claro, a própria palavra já diz tudo, mas, para este contexto, gostei do item 6. A capacidade de trocar ou discutir idéias, de dialogar, de conversar, com vista ao bom entendimento entre pessoas. Ou seja, a troca, sendo a palavra chave para uma boa conversa, uma boa troca de ideia. Não é? É sim, para tudo na vida, se não há troca, não há nada, trágico e simples assim. 


Sendo assim, voltando em torno da reflexão sobre mim e minha maneira de agir, parei para pensar se estou escutando o próximo como deveria realmente escutar, como profissional da área da comunicação que sou, eu estou levando a sério esse ato? Estou exercendo o significado da comunicação, a troca positiva, como deveria exercer? Sinceramente, agora, escrevendo este texto, não sei dizer, mas prestarei atenção nas minha atitudes, nas minhas relações. Status: Colocando em prática o vivendo e aprendendo, a vida de ser sendo em busca de sentidos positivos, a fim de evoluir, de melhorar, sempre.

Por fim, creio que várias coisas que acontecem comigo e com você são para causar a filosofia em torno de como agimos com o próximo e de como gostaríamos que o próximo agisse com a gente.


Diante dessas poucas palavras, só tenho a acrescentar: Vamos refletir?




Espera um pouquinho, antes de refletir vamos de música? A trilha sonora do post não poderia deixar de ser Haicai do Luiz Tatit, tudo a ver, deleitem-se!


“...Sofia! Sofia!
Não ouvia
E não havia
O que fizesse ela atender...”



quarta-feira, 13 de março de 2013

À procura do lado bom da vida




O Lado bom da vida existe, por mais que apareçam situações complicadas no decorrer da nossa existência, pois a vida é assim, feita de altos e baixos, e penso que felicidade será sempre uma utopia e o lado bom dessa busca incessante em ser o tempo todo feliz é tirar de todos os perrengues, do cotidiano, que por vezes é massacrante, o algo a mais, o bônus, aquele sentimento de “que seja doce...”, nas pequenas coisas que nos ocorre.


E essa foi a situação que me deparei ao assistir o filme O Lado Bom da Vida, que vem sendo bastante elogiado, prova disso são os vários prêmios que já levou nos tapetes vermelho deste ano, inclusive teve grande reconhecimento no Oscar com 8 indicações. Mas vamos deixar as informações pragmáticas de lado e ir direto ao que interessa.



Pude encontrar várias nuances interessantes no enredo desse filme, como as dualidades loucura versus normalidade, ou pelo menos o que se pensa ser normal, negatividade versus positividade, num roteiro leve e ao mesmo tempo reflexivo, com diálogos interessantes e inteligentes. E eu tive a leve sensação de que o lado bom da vida pode ser encontrado inclusive na loucura, pois no decorrer do filme, o que parece ser normal, se olhar com bastante atenção, não é, e é daí que vem a dúvida: a normalidade existe?


Pat Solitano Jr., (Bradley Cooper), depois de uma atitude violenta, tendo que ficar preso em um sanatório, é retirado de lá por sua mãe Dolores Solitano (Jacki Weaver), que acredita que ele conseguirá superar o que vivenciou estando em casa junto dela e do pai, o Sr. Pat Solitano (Robert De Niro). Aos poucos vamos descobrindo o porquê de seu surto, que o levou a perder a mulher, a casa, o emprego e a confiança das pessoas. Nas sessões de terapia, e também no decorrer de sua internação, Pat descobre ser bipolar e decide tornar-se uma pessoa melhor, mesmo com as variações de humor. Interessante ver nesse filme a convivência de Pat com os pais, pois por mais que seja difícil passar por todas as dificuldades do filho, há compreensão e uma dose de bom humor, mesmo diante de crises e brigas, inclusive há cenas onde nos deparamos com o pai, Sr. Pat, fanático por baseball e com transtorno obsessivo-compulsivo. Pois é, bem no fundo ninguém é perfeito, ou seja, normal.



A vida do Pat começa a voltar a fazer sentido e ter alguma expectativa de mudança quando, em um jantar na casa de amigos que faz a linha casal perfeito, ele conhece Tiffany (Jennifer Lawrence) que tenta superar a morte de seu marido, e em decorrência disso, passa por problemas psiquiátricos, também.  O primeiro diálogo deles é fantástico, pois são super sinceros um com o outro, percebe-se aí a falta de tato com o próximo, mas por não acreditarem que o problema do outro seja maior que seu próprio problema. Diante desse encontro, apesar da contrariedade de Pat em ter algo a mais com Tiffany a princípio, inclusive amizade, pois quer ter sua ex-mulher de volta, eles começam algo interessante, envolvendo aulas de danças, disciplina, competição, baseball, enfim, esse encontro realmente é fascinante para todos os personagens. 



Bom, vou parando com meus comentários por aqui, pois recomendo que assistam ao filme. Deixo meu cantinho à disposição para vocês deixarem seu comentário, sua impressão sobre esse filme que trouxe para minha vida bons momentos de reflexão.

Apesar dos pesares, um lado bom da vida a todos.

Beijo.