segunda-feira, 26 de outubro de 2009

'Bactérias num meio é cultura'




A admiração que tenho por Arnaldo Antunes já dura há algum tempo. Tenho que confessar que não cheguei a ele pela música, e sim pelos poemas concretos, e ao invés de prestigiá-lo em um show o prestigiei em uma palestra voltada à literatura, isso há uns três ou quatro anos, mas não demorou muito para eu me interessar pelo Arnaldo compositor e músico, acho que não durou semanas.

Tudo isso é para falar um pouco do show que ele apresentou no Teatro Pedro II no sábado (24/10). Arnaldo Antunes recentemente lançou o CD: Iê Iê Iê, eu só havia ouvido algumas canções, no show além dele apresentar todo o novo CD (que diga-se de passagem está lindo) ele também relembrou algumas músicas de CDs anteriores. Bom, foi lindo. Sei que só essa definição parece subjetiva, mas não tenho outros argumentos, aliás, tenho sim, além de lindo foi fantástico, memorável, envolvente etc.

Bom, lógico que além de tudo isso tenho que comentar os detalhes, como por exemplo o palco, atrás dos instumentos havia muitas camisetas, decorando de cima a baixo, achei fantástico, tão simples e delicado, como o próprio Arnaldo. Outra coisa que me surpreendeu foi a presença do Edgard Scandurra na guitarra, juro que não sabia, presença digna, deu um toque rock ao show.

Outra coisa bacana que pude perceber foi a presença de palco e empolgação de Arnaldo, ele desceu e se juntou a nós (platéia), sentou na beirinha do palco várias vezes, tão próximo, tão humilde, tão humano como suas letras e poesias.

Ahhhh! Antes do show foi apresentado um vídeo de Arnaldo Antunes com parceria da Natura sobre o processo de criação de suas composições e poesias relacionadas ao contexto de pele e beleza, fantástico (tentei encontrar o vídeo na net mas foi em vão). Ainda estou fascinada com o show, quem não foi gente, sinto em dizer que perderam um espetáculo de cultura.





Beijo de um ser sendo.

sábado, 17 de outubro de 2009

Intertextualidade: A Quadrilha x Flor da Idade

Eu sempre fui fascinada por intertextualidade, acho interessante e inteligente pessoas que souberam fazer uma releitura de um outro texto. Um exemplo pra lá de memorável são as várias versões de Canção do Exílio, originalmente escrita por Gonçalves Dias e usada como modelo por Murilo Mendes e Oswald de Andrade. Muita gente já pensou em paródia, na verdade, o que diferencia o intertexto da paródia é o humor, que é obrigatório na paródia de algum texto.

Há vários exemplos de intertexto explícito, como o caso da Canção do Exílio, mas o que me inspirou a escrever este post foi o diálogo que Chico Buarque fez com sua canção Flor da idade versus A Quadrilha, poema de Carlos Drummond de Andrade.

O poema:


A Quadrilha

Por * Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa,
que amava Raimundo,
que amava Maria,
que amava Joaquim,
que amava Lili,
que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.


A Canção:

Flor da idade


Por * Chico Buarque de Holanda
A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor
Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família
A armadilha
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor

Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor

Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha






quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Era uma vez


O dia da criança já passou, mas como ainda estamos na semana dela, ou como dizem por aí: 'semana do saco cheio', resolvi escrever um pouco sobre a minha infância, inspirada na blogosfera, pois li postagens super interessantes a respeito do dia da criançada.


Eu posso dizer que tive uma infância divertida com minha panelinha de amigos, aqueles amigos inesquecíveis da infância, daquela época só me restou a Amanda de próxima, os outros vejo por aí e sempre sai aquele 'oizinho' tímido, é engraçado.


Nossa, como eu fui feliz, era queimada, mamãe da rua, estrela nova cela, pisca, muita brincadeira mesmo. Eu tenho que confessar que fui muito ruera, eu só nao gostava de jogos como volei, ou competições, ficava aflita. Adorava bonecas, achava a Barbie um charme, todo natal eu pedia uma Barbie. Muito bom.


Tive a sorte de ter meus pais sempre presentes na minha infância, a lembrança mais marcante que tenho dessa época é de meu pai chegando em casa domingo de manhã com lápis de cores, canetinhas e papel para eu e minha irmã Mayra desenharmos, ele arrumava uma mesinha de madeira com cadeirinhas pequenas para ficarmos bem à vontade; minha mãe por sua vez ficava por conta dos vinis, naquela época eram eles que predominavam, além das canções de crianças da época, como Balão Mágico, Toquinho etc, ela colocava para nós ouvirmos Queen, Janis Joplin, Raul Seixas , Novos Baianos, Chico Buarque, Fagner e por aí vai, aliás, devo agradecer a minha mãe pelo meu gosto e influência musical de hoje.


Não posso deixar de escrever sobre as manhãs de domingo no museu, faziamos piquinique ao som de chorinho (será que ainda tem chorinho por lá?), e os almoços de domingo da casa das avós, nas tias, encontro com primos, eram sempre os melhores...


E os natais? Hoje um pouco da minha frustação com o natal é por não ser mais como antigamente, a gente cresce e perde todo aquele encanto de esperar 00h00 e abrir os presentes. Hoje eu me divirto vendo as crianças da família encantadas com esse dia, isso é ótimo, o importante é o tempo bom que passamos na idade delas, claro que apesar da nostaugia, estar com a família em dias especiais como esses de fim de ano é sempre muito importante.

Bom, não devo esquecer os desenhos e programas da época, eu adorava Conto de Fadas, Ratimbum, Castelo Ratimbum, Mundo da lua, Confissões de adolescentes, Anos Incríveis, Ursinhos carinhosos, Cavalo de fogo etc, etc, etc; amava ver TV, era tudo tão simple, inocente.

Hoje, tudo que sou, meu caráter, a vida que levo devo ao meus pais, graças a eles tive condições de uma infância feliz, simples e confortável. Não precisamos de muito para ser feliz, e eu sei disso por causa de cada momento pleno que tive quando criança. Obrigada família.

PS: Feliz dias das crianças Brasil.

Trilha: Nada melhor que Toquinho para a criançada de antigamente ter saudade e a de hoje admirar. Beijo.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Dia do Compositor Brasileiro

Hoje é dia do Compositor Brasileiro, e eu acho digno comentar esse fato aqui no meu cantinho, pois amo a combinação de uma boa letra + melodia brasileira.

Admiro vários compositores brasileiros, impossível escolher um, o que posso fazer é destacar os principais, que são: Chico Buarque (ai ai, toda semana escuto algo dele), Luiz Tatit, Arnaldo Antunes (tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente), Lenine, Zeca Baleiro, Tom Zé, Adriana Calcanhotto, Moraes Moreira ... etc, etc, etc.

Esses são os principais mesmo, o top top da minha lista.

Bom, hoje, em homenagem a todos eles, a trilha será de Luiz Tatit, que além de meu ídolo musical é também um semioticista e linguista que admiro muito.

Beijo de Um ser sendo.




sábado, 3 de outubro de 2009

Beatriz...


Mês que vem minha sobrinha Beatriz faz 1 aninho, e eu já vou me antecipando nas homenagens.

Esse nome é lindo, sempre gostei, acho que fui influenciada pela Beatriz de Chico Buarque, música linda; minha irmã aceitou a sugestão por simplesmente gostar da sonoridade no nome.

O fato é que amamos demais a nossa Beatriz, ela é luz viva em nossas vidas.


Inquietações

Sexta-feita/ sábado/ que seja, 00h07.

Estou cansada.

Combinei de ver minhas amigas, não vi.

Programei de fazer as unhas, não fiz.

Tô cansada.

E estou aqui escrevendo para relaxar, não que eu não esteja relaxada, afinal de contas amanhã é sábado, no work, nothing... preciso escrever...

Estou inquieta, sentimentos a mil, muito trabalho, pouco dinheiro, longe de mim reclamar, se estou sem dinheiro é porque tenho gastado muito comigo, com meu bem estar; minhas férias serão em Natal, tô pagando um carrinho, coisas da qual pensei que demoraria a conquistar, estou orgulhosa de mim.

No mais, tenho pensado muito em dar aulas, entregar currículos nas escolas, prestar concursos para professora, apesar de eu estar bem no meu trabalho, ultimamente tenho tido umas 'inquietações' com relação à profissão. Ontem, conversando com minha amiga Juliana, que está longe longe, 'teclamos' sobre estudos, que saudade, estudar semiótica em casa não é a mesma coisa que a dedicação em obter algum título, apesar de ter voltado firme e forte no Inglês (por exigência do trabalho) sinto que me acomodei com relação à carreira que eu escolhi.

Efim, inquietações e mais inquietações ... adoro debatê-las aqui.

Lembrando que inquietações não são tristezas, pois eu nunca estive tão feliz na minha vida, apesar de tantos questionamentos eu sei bem quem sou, sei bem o que quero. Um ser sendo.