quarta-feira, 11 de maio de 2011

Dez sugestões para fazer deste um país melhor para nós e os nossos filhos

Achei digno este artigo do Jorge Furtado publicado no blog Pragmatismo Político e achei importante compartilhar com os leitores aqui do meu cantinho. Espero que gostem e reflitam.


Segue texto:



Diminuir a desigualdade social. Ainda somos um dos países de pior distribuição de renda no planeta, em poucos lugares há tanta diferença entre ricos e pobres. A miséria num país tão rico, os sem-teto e os sem-terra, são uma vergonha, um atestado de incompetência da sociedade brasileira e de seus muitos governos. Se não por questões humanitárias, que já deveriam ser suficientes, a sociedade brasileira poderia apoiar políticas de distribuição de renda e erradicação da miséria pensando ao menos no bem-estar de seus filhos, já que os índices de violência estão diretamente relacionados com os indicadores sociais.

Aumentar o salário dos professores. O Brasil precisa melhorar muito a qualidade do ensino, especialmente do ensino público. Acredito que a maneira mais rápida e eficiente de fazer isso é aumentar muito o salário dos professores. Internet nas escolas, boas bibliotecas e bons prédios são importantes, mas o que mais determina a boa qualidade do ensino são os bons professores, que só existirão se profissionais competentes e preparados pensarem que pode ser uma boa ideia ensinar.

Reduzir os índices de violência. Vivemos num país onde os assassinatos passam de 40 mil por ano, número que supera qualquer guerra em curso no planeta. Para quem já tem emprego, o que comer e onde morar, o pior do Brasil é a violência, o medo de sair na rua, a insônia pensando se os filhos vão chegar bem em casa. Os assassinados e os assassinos são, em sua imensa maioria, pobres e jovens, quase adultos abandonados por suas famílias e pelo Estado, sem educação, profissão ou esperança de um futuro melhor do que lhes possa proporcionar uma arma. Como cantou Sérgio Sampaio, “um marginal que já não pode mais fugir, vai reagir, menino é bom ficar de olho aí!”

Fazer política, acreditar na política. Cresce, especialmente entre os jovens, a ideia inteiramente falsa de que todos os políticos são picaretas, que política não serve para nada e que todos são iguais. Não são. É no debate político civilizado que surgem as ideias que viram ações. Os políticos são, em sua imensa maioria, cidadãos honestos que trabalham muito e se dedicam, às vezes recebendo baixos salários, a uma tarefa fundamental na democracia. A ideia, falsa e amplamente disseminada, de que a política é um emaranhado de malfeitorias é um desastre, atraindo para a vida pública um número crescente de aproveitadores e afugentando pessoas decentes que gostariam de trabalhar pelo bem comum.

De uma oposição melhor. Que apresente alguma ideia, boa ou ruim que seja. Ideias ruins também podem apontar caminhos, ao negá-las afirmamos algo. O problema é a total falta de ideias, substituídas por um moralismo oportunista que joga para a plateia e segue pesquisas de opinião o tempo todo, a ponto de o candidato de oposição declarar, sem qualquer ironia, que o presidente – que há pouco era demonizado, chamado de corrupto, ladrão e assassino – “está acima do bem e do mal”. A impressão é que os partidos de oposição terceirizaram suas ideias, esperam para ler nos jornais o que devem dizer aos jornais. Sem uma oposição consistente, que proponha opções ou apresente ao menos uma ideia, qualquer governo se acomoda, se apequena.

Respeitar a diversidade religiosa, mas coibir a exploração da fé. É indecente que mistificadores enriqueçam à custa da fé e da miséria alheia. A intimidação de fiéis para que façam doações, frequentemente denunciada com vídeos assustadores, deveria ser um simples caso de polícia. O fato de as igrejas não pagarem impostos é um convite à maracutaia. A propriedade disfarçada de empresas de comunicação – a Constituição Brasileira proíbe que igrejas sejam proprietárias de emissoras comerciais – é uma das muitas hipocrisias nacionais, como a conivência com o jogo ilegal e o tráfico de drogas: todos sabem como e onde se dão, pouco ou nada se faz para evitá-los.

Mais cultura. Para começar, melhorando a qualidade da educação (ver “salário dos professores”) e aumentando muito o investimento na produção e difusão cultural e também na preservação do patrimônio histórico. A indústria cultural, além de “limpa”, não poluente e autossustentável, emprega profissionais de todas as áreas, com qualificação e salários, em média, mais altos que de atividades tradicionais, como a agricultura e a indústria. A cultura está diretamente relacionada com outros setores produtivos, comunicação, turismo e serviços. A riqueza cultural brasileira é imensa e o seu público consumidor, especialmente o público interno, tem grande potencial de crescimento. Uma sociedade mais escolarizada, mais bem informada e com poder aquisitivo crescente, vai consumir mais livros, mais filmes, discos, peças, vai frequentar mais museus e fazer mais turismo. A longo prazo, a indústria cultural tem mais futuro, por exemplo, que a atividade de fazer buracos e mandar minério, de navio, para a China.

Internet banda larga boa e barata para todos. A comunicação rápida e o acesso à informação são fundamentais para o desenvolvimento e para o aperfeiçoamento da democracia. O serviço de internet no Brasil é dos mais caros do mundo e alcança apenas parte do País. O serviço de internet nas grandes cidades deveria ser – e será, resta ver quando – gratuito, como a televisão aberta e o rádio.

Cuidar melhor do seu patrimônio natural. Energia e mineração são fundamentais, mas as usinas, de qualquer tipo, sempre causam algum impacto ao meio ambiente e o petróleo e outros minérios são recursos não renováveis. O Brasil precisa aprofundar, democratizar, o debate racional e consequente sobre crescimento sustentável. Não se trata (só) de preservar o mico-leão ou o boto-cor-de-rosa, trata-se de saber que espécie de futuro queremos para os nossos filhos e netos.

Mais funcionários públicos qualificados e bem remunerados. Uma lenda amplamente difundida é a de que há funcionários públicos demais. Alguém acha que há médicos demais nos postos de saúde? Há policiais demais nas ruas? Há professores demais nas escolas? Talvez haja muitos fiscais nas reservas ecológicas?
O Brasil precisa acreditar na ideia de que, com o aperfeiçoamento de sua jovem democracia, saberá descobrir, por si mesmo, do que precisa. O Brasil precisa aprender a não dar tanta atenção a criaturas que se julgam iluminadas a ponto de saber do que o Brasil precisa. O brasileiro informar-se tão bem a ponto de ficar em dúvida e decidir pensando por sua própria cabeça. O Brasil precisa acreditar que a maioria saberá escolher o que é melhor para o País e que, se achar que as coisas estão indo mal, pode fazer outra escolha em alguns anos. Chama-se democracia. Ninguém teve uma ideia melhor.

O Brasil precisa ler bons livros. É assustador o domínio da autoajuda, emocional e financeira, nas prateleiras das livrarias. Nossos excelentes romancistas, poetas, pesquisadores, jornalistas, estão soterrados por livros de espertos que prometem ensinar o leitor pobre de espírito a ser feliz em cinco dias e se tornar milionário em um ano. Espero que essa espécie de livro migre rapidamente para as versões digitais, evitando a continuada transformação de árvores em bobagens.

O Brasil precisa ler Guimarães Rosa: “Olhe: o que deveria de haver, era de se reunirem-se os sábios, políticos, constituições gradas, fecharem no definitivo a noção – proclamar por uma vez, artes assembleias, que não tem diabo nenhum, não existe, não pode. Valor de lei! Só assim davam tranquilidade à boa gente. Por que o governo não cuida? Ah, eu sei que não é possível. Não me assente o senhor por beócio. Uma coisa é pôr ideias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil e tantas misérias... Tanta gente – dá susto se saber – e nenhum se sossega: todos nascendo, crescendo, se casando, querendo colocação de emprego, comida, saúde, riqueza, ser importante, querendo chuva e negócios bons...” (Grande Sertão: Veredas)

Perguntei para minha filha e para minha sobrinha, as duas com 9 anos, do que o Brasil precisa. Antes “do mi de um minuto”, elas responderam: “Casas para os moradores de rua e preservar a natureza”. As crianças sabem de tudo.


Jorge Furtado

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Momento Epifânico: É o que me interessa [Lenine]


Foto: Show do Lenine na Feira do Livro 2009.



Momentos epifânicos fazem parte do meu ser.


E esta canção do Lenine é simplesmente perfeita.



Sem mais...



É o que me interessa - Lenine


Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem.

Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Grupo de estudos de Semiótica Barão de Mauá 2007 - lembranças


Marília, Marcela (Um ser sendo), Renata, Fiorin, Fabiane, Marilisa e Nataly (2007)



Já fazia um tempinho que não passava aqui, e detesto colocar a culpa na correria, falta de tempo e tals, mas, sim, isso é um fato, correria mode on.

Mas volto com um post saudosista.Quem me conhece sabe como eu gosto de uma nostalgia né?

Bom, com o início da pós eu revi a Naiá, professora de linguística dos tempos da graduação, e com a sua aula voltei a ouvir falar do Prof. José Luiz Fiorin e também da tão estudada semiótica Greimasiana de outrora, o que me fez lembrar dos tempos de grupo de estudos de semiótica. Sim, uma coisa puxa outra na memória. #Fato

O grupo surgiu sério, com a professora Fabiane Borsato à frente dos estudos, ela orientava nossas leituras, mas sempre deixando claro que ali ela não era professora, mas sim uma companheira de estudos de semiótica.

Como era o último ano da graduação da maioria dos integrantes do grupo (2007), ou seja, tempos de tcc, a Fabiane nos propôs analisar nossos objetos de estudo nas reuniões. Com isso, eu e a Marilisa levamos nosso "Teleco, o coelhinho" e cia de Murilo Rubião para o grupo, os outros integrantes fizeram o mesmo com seus objetos.

As análises, com o tempo, ganharam corpo. Sim, estávamos conseguindo utilizar a tal da semiótica, e com tudo caminhando bem no grupo a Fabiane nos incentivou a participar do miniENAPOL de Semiótica da FFLCH-USP em São Paulo.

E o medo em galerÊ?

Não querendo menosprezar nosso curso na Mauá, mas nós, reles mortais estudantes de Letras e também trabalhadores, e aprendizes, nos expondo para um monte de gente que só vive para estudar... tenso.

Tenso I.

... Por fim aceitamos, fechamos uma van e fomos, firmes e fortes e inseguros.
Tenho que confessar que nos receberam muito bem, a tensão foi ficando pra trás, vimos que ia ser legal.

Daí começaram as falas, e no fim delas os comentários super sinceros do Prof. Fiorin.

"Oh my Gosh", lembro de ter pensado.

Pensa num ser sendo em pânico, sim personas, eu, a Marilisa e o resto do grupo e até a Fabiane "vimos tochas" e a vontade de sair correndo era um objeto de valor concreto.

Mas ficamos, chegou nossa vez, grupo inteiro a postos no mesão, sala cheia, Fiorin e a galera master da semiótica na nossa frente.


Tenso II.

Enquanto apresentávamos nossas análises, percebemos uma movimentação na nossa frente, era o Prof. Fiorin saindo apressado, depois ficamos sabendo que ele tinha um compromisso ali mesmo no campus.


Tenho que confessar, acho que por todos do grupo, que sentimos certo alívio.

Após a apresentação abrimos nossa mesa para questões, deu tudo certo.

Ufaaaa... Depois disso a alma ficou até mais leve.

Ficamos o dia todo lá na USP, conversando, passeando. Fomos embora só após a janta.

Valeu muito a pena, tanto que no ano seguinte fomos convidados a voltar e voltamos.


Com certeza foi um fato que nos deu orgulho, superamos o medo, a tensão, mas o mais importante foi a união e o amadirecimento do Grupo durante esse processo.

Ai ai... Saudade viu.



Beijo de Um ser sendo.