segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Lavoura Arcaica

Hoje nas minhas andanças na blogsfera vi uma postagem sobre o filme "Lavoura Arcaica", dirigido pelo diretor Luis Fernando Carvalho e decidi publicar algo aqui no meu cantinho.
O filme é uma adaptação, diga-se de passagem fiel, do livro escrito pelo paulistano contemporâneo Raduan Nassar.
Conheci e fiz a leitura do livro na faculdade e me encantei, a obra é densa, com valores imorais para uma sociedade moralista. Nessa mesma época assisti ao filme.

Ambos são fantásticos, lindos, sublimes, chocantes. Pretendo ler e ver novamente a obra para escrever algo mais preciso aqui no blog, mas não podia esperar para postar algo assim, de momento.
A adaptação da obra para o cinema é fiel ao livro e por isso muita gente acha um filme parado e altamente reflexivo. Eu achei fantástico, as interpretações de Selton Mello, Raul Cortez, Leonardo Medeiros etc são surreais. As duas versões dessa obra são obrigatórias.


Segue trecho sobre "O tempo":


"O tempo é o maior tesouro que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; é um pomo exótico que não pode ser repartido, podendo entretanto prover igualmente a todo mundo; onipresente, o tempo está em tudo. (...) rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira. O equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é; por isso, ninguém em nossa casa há de dar nunca, o passo mais largo que a perna: dar o passo mais largo que a perna é o mesmo que suprimir o tempo necessário à nossa iniciativa (...) pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas."


[Raduan Nassar Tempo Lavoura Arcaica]

Abaixo, Raduan Nassar por Raul Cortez Tempo Lavoura Arcaica:



Um beijo de Um ser sendo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Texto interessante

O texto abaixo foi publicado no TwitLonger por @GiseleJota e escrito por Renato Braga. Achei interessante, espero que gostem.

Segue texto:


Desculpem meus amigos, mas vou votar no Serra.

Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar, carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito... Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.

Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares. Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. "É uma vergonha!", como dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar porque, como em S.Paulo, ele vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro.

Desculpem mas Voto no Serra....

O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega, tem Orkut...Vergonha, vergonha, vergonha...

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim...

Também cansei dessa coisa de biodiesel, petroleo do pré-sal, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo, SBT, Band, RedeTV, CNT, Folha, Estadão, etc.). A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.

Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Basta! Vou votar no Serra. Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido. Quero minha felicidade de volta.

Renato Braga

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Brasil encantado com Palavra [En]cantada

Há algumas postagens eu escrevi sobre o documentário "Palavra [En]cantada" e através desse post a Mary pediu que eu fizesse um ensaio mais elaborado para ser publicado no MS News de Abril e decidi, só hoje, compartilhar na blogsfera, espero que gostem:


Brasil encantado com Palavra [En]cantada

Por * Marcela Oliveira

“(...) o caminho de silêncios ganha direção, a música dá forma à palavra como se não fosse possível distingui-las. Porque a palavra é imagem que não tem forma, e a música, forma que não tem imagem. Da união nasce um significado. Reconhecemos na letra a melodia, e vice-verso, feito a expressão de uma coisa só.” A música da letra, Fábio Lucas.

O documentário de longa-metragem Palavra [En]cantada (2009), dirigido por Helena Solberg, é um super momento epifânico.


Como é bom e gratificante ver músicos, linguistas e poetas de renomes em um mesmo filme. O documentário passa por vários caminhos em que a música e a poesia percorreram no Brasil, o que nos dá a sensação de que música, história e lirismo podem e devem caminhar juntos.


O filme nos traz depoimentos a respeito dos trovadores; comentários sobre os antigos carnavais de rua e do morro, com destaque para Noel Rosa e Cartola; entendimentos sobre o surgimento da Bossa Nova com João Gilberto, Tom Jobim, Vinícius de Moraes entre outros; para logo mais nos fazer deparar com a grande novidade do tropicalismo com Tom Zé, Caetano Veloso, Gilberto Gil etc; até chegarmos ao que conhecemos de música hoje, em um momento contemporâneo de diversidade de estilos.

O documentário conta com participações de primeira linha do cenário artístico musical brasileiro: Chico Buarque, Arnaldo Antunes, Luiz Tatit, Maria Bethania, Tom Zé, Adriana Calcanhoto, José Miguel Wisnik, Jorge Mautner, Antônio Cícero, Ismael Silva, Paulo César Pinheiro, Lirinha e Martinho da Vila, debatendo sobre a construção do fazer poético e musical no Brasil.

Ver Chico rindo zombeteiro de sua composição de Choro Bandido; Tom Zé (sempre exagerado e belo) caracterizando sua primeira impressão das canções de Dorival Caymmi; Caetano, em imagem de arquivo, na época de Alegria Alegria, tentando explicar a modernidade de sua composição e definindo a cultura pop e massificada da época; Lenine quase aos prantos por causa das variações fonéticas de nossa língua; Maria Bethania caracterizando-se como intérprete amante da poesia; Lirinha, do Cordel do Fogo Encantado, dizendo o quanto a poesia pode e deve ser simples e bela ao mesmo tempo; e perceber que hoje muitos seguem o sempre novo e inesquecível Tropicalismo não tem explicação. É extraordinário.

Para quem se identifica com música, arte e literatura, e também para quem tem interesse na nossa vasta cultura literal e musical, Palavra [En]cantada é obrigatório.

Recomendado para a vida.