quinta-feira, 30 de junho de 2011

Momento Reflexão: Sobre o conceito de cultura por Idelber Avelar

E no momento reflexão de hoje proponho a leitura da coluna do Idelber Avelar, publicada na Revista Fórum dessa semana sobre as várias significações sobre o conceito de cultura. Acho importante a reflexão, pois nos últimos meses o debate está acalorado por causa das peripécias da nova ministra da cultura Ana de Holanda. E cultura forma o que se espera de um cidadão digno de ser e estar, portanto, nunca é demais o aprofundamento no assunto.

Leiam também minha postagem sobre o assunto publicada tempos atrás por aqui: Um pouco do muito da teoria da cultura: http://umsersendo.blogspot.com/2010/02/um-pouco-do-muito-da-teoria-da-cultura.html

-------------------------------------------------------------------------------------------------


Sobre o conceito de cultura

Por * Idelber Avelar



“Cultura” é daquelas palavras escorregadias, aparentemente simples, que com frequência são usadas com sentidos não só diferentes, mas antagônicos. Mais produtivo que estabelecer qual é a definição “correta” de cultura seria observar quais os sentidos adquiridos pela palavra ao longo do tempo e o que eles nos dizem sobre os seus referentes no mundo real. É o que tento fazer na coluna deste mês.


Palavras-Chave, do marxista britânico Raymond Williams, obra publicada no Brasil pela Boitempo, é um ótimo guia do assunto. “Cultura” vem do verbo latino colere, que combinava vários sentidos: cultivar, habitar, cultuar, cuidar, tratar bem, prosperar. Do sentido de habitar derivou colonus. Têm, portanto, origens comuns as ideias de colonização, culto e cultura. Já em Cícero (106 a.C. - 43 a.C.) aparece o sentido de cultura como “cultivo da alma”, mas é mesmo a partir do Renascimento que se consolida a analogia entre o cultivo natural e um desenvolvimento humano. É nesse sentido que Thomas More, Francis Bacon ou Thomas Hobbes, nos séculos XVI ou XVII, falam de “cultura da mente” ou “cultura do entendimento”. É uma metáfora derivada da analogia com o sentido material, agrícola do termo.


A naturalização dessa metáfora fez com que se cristalizasse o sentido de cultivo humano, e nos séculos XVIII e XIX o termo “cultura” começa a aparecer como autossuficiente, dissociado do objeto desse cultivo. Até o século XVIII, tratava-se sempre da cultura de alguma coisa, fossem plantações, animais ou mentes. A partir daí, segundo Williams, “o processo geral de desenvolvimento intelectual, espiritual e estético foi aplicado e, na prática, transferido para as obras e práticas que o representam e sustentam”. Em outras palavras, firma-se ali o sentido de “cultura” como um bem que alguns possuem e outros não. Esse sentido permanece conosco, quando dizemos que alguém é “culto” ou “tem cultura”. É uma acepção excludente da palavra, que com frequência ganha contornos, inclusive, aristocráticos.

Com a antropologia, no final do século XIX e, especialmente, no século XX, volta-se às raízes materiais do conceito de cultura, mas agora com ênfase na sua universalidade humana. “Cultura” passa a ser entendida como o conjunto de valores, crenças, costumes, artefatos e comportamentos com os quais os seres humanos interpretam, participam e transformam o mundo em que vivem. Nenhuma comunidade humana está excluída dela, embora, também com a antropologia, solidifique-se o processo que faz de “cultura” um substantivo passível de ser usado no plural. As culturas humanas são múltiplas, diferentes, irredutíveis entre si e, acima de tudo, não são hierarquizáveis. Na acepção antropológica do termo, não há sentido em se falar de mais ou menos cultura, ou de culturas superiores ou inferiores a outras. Há uma veia radicalmente relativista na concepção antropológica de cultura, que se realiza em sua plenitude na obra de Franz Boas, mestre de Gilberto Freyre.


Nos debates sobre política cultural, é sempre instrutivo observar com qual sentido cada interlocutor usa o vocábulo “cultura”. Do ponto de vista antropológico, não teria sentido dizer, por exemplo, “levar cultura para o povo”, posto que qualquer povo está inserido em sua cultura — ele não seria povo sem ela. Mas é frequente que assim se designe a função dos Ministérios ou das Secretarias da cultura. Tampouco teria sentido, exceto na acepção excludente e aristocratizante apontada acima, falar de “produtores de cultura” como uma classe à parte, diferente daqueles que seriam seus meros consumidores. Mas não é incomum, em discussões sobre política cultural, a desqualificação de interlocutores como sujeitos que supostamente estariam “fora” da cultura ou que não seriam “da área” da cultura. Ora, não há seres humanos vivendo em sociedade que estejam fora da cultura.


O uso excludente do termo se reproduz quando se igualam os “produtores de cultura” à chamada “classe artística”. Essa é a sinédoque — redução do todo a uma de suas partes — que me parece mais daninha nas discussões sobre política cultural. A cultura é a totalidade das formas em que um povo produz e reproduz suas relações com os sentidos do mundo. Reduzi-la às indústrias cinematográfica, teatral e fonográfica é reeditar a exclusão segundo a qual alguns produzem cultura e outros a consomem. Implicitamente, é ignorar e desprezar o fazer cotidiano de milhões de brasileiros. Não há por que um pequeno conjunto de profissionais das citadas indústrias, concentrados principalmente em duas cidades brasileiras, se apresentarem como os representantes da área de responsabilidade do Ministério da Cultura. Essa redução atende a interesses nada republicanos e é incompatível com uma concepção democrática de cultura.


Um Estado que tivesse democratizado completamente sua concepção de cultura seria então, no limite, um Estado em que cineastas, atores e compositores não fossem percebidos como sujeitos da cultura mais que pedreiros, domésticas ou camponeses. Seria um Estado em que a conversa jamais incluísse expressões como “pessoas que não são da área da cultura”. Seria um Estado onde a ideia de “levar cultura ao povo” não fizesse sentido. Seria um Estado que soubesse encontrar, valorizar e construir pontes entre os muitos fazeres culturais que já estão acontecendo em seu território. Um Estado onde seria impensável que um agente do poder público se apresentasse como representante dos “criadores de cultura”, a não ser que com essa expressão o agente se referisse à totalidade dos que vivem sob a égide desse Estado. Seria um Estado que genuinamente captasse a cultura como a totalidade dos sentidos do fazer humano.


Mais que nomes, cargos, tendências, correntes e conchavos, os acalorados debates em torno do Ministério da Cultura que têm tido lugar no Brasil nos últimos meses são uma oportunidade para que se repense essa questão de fundo: qual é a compreensão de cultura que queremos, quais são as visões e conceitos de cultura que fazem justiça à nossa experiência como povo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Último Ato (Storyboard)

Buenas personas.



Como prometido em minha postagem anterior, hoje publico aqui no meu cantinho o storyboard, trabalho executado em grupo para aprovação no módulo de cinema do curso Linguagens Midiáticas da Universidade Barão de Mauá.



Para o nosso grupo foi um desafio muito empolgante.



Espero que gostem:


terça-feira, 14 de junho de 2011

Linguagens Midiáticas 2011: Módulo cinema




Fala personas...


Nesta postagem quero falar um pouco da experiência que tive no módulo de cinema da pós graduação, experiência nova apesar de ter uma amiga na área e compartilhar algumas informações, mas nada como exercer o fazer cinema (roteiro/ storyboard) na prática e ouvir teoria e curiosidades de especialistas no assunto.


Os professores do módulo foram Roberta e Glauco, e tenho que confessar que no primeiro dia, quando eles nos apresentaram a grade, fiquei passada de medo, quem me conhece sabe o quanto sou dramática, mas enfim, bora lá né, afinal de contas isso tinha que ser encarado.


Nas primeiras aulas com a Profa. Roberta tivemos o embasamento teórico de como é a estrutura de um roteiro, e para colocá-lo em prática a sala foi dividida em 3 partes, e os representantes do meu grupo foram: Maurício, Joyce, Flávia, Giselle e Leandro.


Para vocês terem noção de como nosso grupo estava entrosado, decidimos rapidamente que seria uma história macabra, dramática e com um cadinho de sangue também.


Nossa protagonista: uma criança de 8 anos que não envelhece e não morre chamada Ângela.


O enredo (resumo): Ela é adotada por pais totalmente desumanos, que são donos de um circo dos horrores. Ao chegar no novo lar, Ângela descobre que eles sabem o segredo de sua imortalidade e também que ela será a grande atração do circo. Depois de um ano se submetendo a essa humilhação, ela resolve se vingar dos pais fazendo deles a grande atração e os matando no picadeiro da mesma forma que eles faziam com ela. O nome do filme: O último ato.


Chocante né?


Mas voltando ao assunto das aulas, depois que elaboramos o roteiro, o Prof. Glauco entrou em ação para nos dar o embasamento sobre o que é e como se faz um storyboard, e com o mesmo grupo do roteiro elaboramos esse trabalho.


Tenho que confessar [2] que foi muito prazeroso, apesar de corrido, toda a execução do storyboard.


Em uma semana colocamos em prática tudo o que aprendemos, e para quem nunca tinha tido contato com a linguagem técnica de cinema, como foi o caso dos integrantes do nosso grupo, conseguimos finalizar o trabalho satisfatoriamente, e a tenebrosa Ângela tornou-se nosso orgulho sim senhor.


Toda a experiência adquirida nos quatro sábados do módulo foi positiva. Apesar do curto tempo, conseguimos assimilar, através da teoria e prática, a linguagem de cinema, ou seja, agora temos conhecimento/ capacidade para assistirmos um filme com outros olhos.


Em breve postaremos o storyboard no youtube e também estamos animados em continuar com uma animação. Aguardem.


Beijo de Um ser sendo.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Post sem título




Fiz Letras

Apesar de ter mais vocação em história política

Quando criança sonhava em ser atriz

Apesar da timidez

Hoje sou Um ser sendo

Em busca

Do que?

De parafusos e pregos.

E sim, hoje eu acordei meio Macabéia.