Tive uma professora que me disse um dia que é impossível viver só do pragmatismo que por vezes é a nossa rotina.
Naquele momento ela falou o que eu realmente precisava ouvir para lidar com o que eu estava prestes a encarar depois da formatura.
Nunca mais me esqueci dessas palavras. Dessa verdade.
Quando me afasto das coisas que me fazem bem, das coisas que eu deveria me permitir fazer diferente fora da rotina do dia a dia... Quando eu só vivo para existir: da casa para o trabalho.
Tudo dói.
Mas não é aquela dor cheia e gostosa que a gente se depara quando entramos em estado catártico.
A dor é a de não se reconhecer. Dor de se perder de si mesmo.
Eu simplesmente não sou eu quando me afasto da vida fora do quadrado.
Escrever sobre este sentimento já é respirar novos ares, se enxergar de outra maneira.
Na verdade.
Eu busco equilíbrio.
Epifania e Prática.
Esquerdo e Direito.
Para todas essas coisas: Simplicidade. Poesia. Transcendência.
Para terminar, deixo uma frase de um amigo que me fez parar e refletir sobre todas essas pequenas/grandes coisas:
"A beleza da poesia é o olhar simples e delicado daquilo que costuma ser invisível" F.M
Começo este texto parafraseando
um dizer de autoria desconhecida: “O amor não se explica, se sente”. É
exatamente essa ideia que me foi iluminada por meio da leitura do livro Prometo
Falhar, do Pedro Chagas Freitas (Portugal), que ganhará, em breve, uma edição no
Brasil pela Editora Novo Conceito.
Prometo Falhar é um livro com várias crônicas sobre a riqueza dos
sentimentos humanos, como a saudade, a nostalgia, a melancolia, os medos, as aflições,
a loucura, a paixão entre outros, que evoluem e querem
ser, simplesmente: AMOR. É o amor que motiva as personagens do livro.
Amor em todos os tipos de
relações. Amor entre pais e filhos, marido e mulher, amantes, avós e netos...
Amor ao silêncio, à boa conversa,
à pele, ao toque, ao corpo, ao orgasmo, ao beijo, ao transcendental, ao olhar,
à beleza, à vida... “viver é insuportável
e é bom, porra”.
Amor ao animal de estimação, ao
espaço, à casa, ao país...
Amor é “inconformação da
conformação”, amor é revolução, é fazer diferente, é não ser igual... “Só o que ultrapassa todos os limites pode
mudar o mundo, sabia?”
Amor, acima de tudo, à falha, à
imperfeição, à feiura...
Dualidades fortes e perceptíveis
no livro: Falhar (Imperfeição) vs Acertar
(Perfeição). Uma não existe sem a outra. São essenciais uma para a outra.
Para o escritor “gajo a
escrever cenas”, o amor surge da falha, pois ela aproxima as pessoas (lembrando
o amor para todos os tipos de relação). Ninguém é perfeito nas relações
humanas, há de se tentar fazer o melhor, mas sempre tem um pior no caminho para
ser superado. Amor é superação. Ninguém merece ser e estar num pedestal.
“O amor só existe quando alguém
desiste de ser perfeito.”
“«Se você voltar a falhar juro que te amo para sempre.»
E ela falhou.”
Amor à escrita, à poesia, a saber
usar as palavras certas na hora certa. Amor aos livros, a saber fazer
literatura para presentear a amada(o) com palavras...
O ato da escrita é visivelmente
importante nas crônicas do livro, que faz dele metalinguagem pura. Escrever
supre a falta do amor, sendo necessidade básica para quem ama e sofre a
ausência do amor. A escrita só não é mais importante do que amar, do que viver.
Mas ela é o complemento da vida, principalmente quando existe a falta, o
sofrimento, como também a alegria. Encontramos no livro personagens que possuem
seu próprio jeito de lidar com a arte de escrever, assim como lidam com a arte
de existir.
“... já chega de te escrever, desculpe, prefiro te amar, é uma sorte
você estar aqui lendo e ter gostado do que escrevi até agora, o único erro
ortográfico imperdoável é você não gostar, que se danem as obras-primas e os
críticos, se é capaz de te amar é arte, mais simples é impossível,”
“...já vai tão longo este texto e eu que só queria escrever que não
sei por que escrevo, e temo bem que quando alguém sabe por que escreve não
está escrevendo coisa nenhuma, serei provavelmente escasso mas nunca um
burocrata das letras, o escritor pode até nem escrever mas o que não pode é
não sentir, há tantos gênios que se esqueceram de ser geniais,”
Por fim, há também o amor na
colaboração, na parceria, na amizade...
Prometo Falhar só foi possível para o Pedro Chagas Freitas porque
existiu a colaboração de seus fãs e leitores, que o ajudaram diariamente na execução
e conclusão do livro: “Este livro resulta
da colaboração atenta e criativa de muitos dos meus leitores e fãs — que
diariamente me foram dando sugestões, abordagens, emoções e vida.”
Perguntaram ao Pedro Chagas se ele Promete Falhar, ele
respondeu: “Prometo e cumpro”...
Não neste livro, Pedro, que é sucesso e vale
muito a pena.
“«Prometo falhar.»
Foi a única promessa que ele fez, toda uma filosofia em duas palavras,
eu não acreditava na possibilidade da perfeição, nem sequer fazia o que quer
que fosse para alcançá-la, pois se não existe por que haveria de procurá-la?,
e se deixava viver pelo que tinha à frente, as opções todas, as portas
todas, havia sempre uma hora ideal para a felicidade e era sempre agora, o amor
só existe quando alguém desiste de ser perfeito.”