quarta-feira, 27 de maio de 2015

Sobre uma tarde

No meio da tarde me peguei olhando para o nada.

Nada, não, espere.

Naquela tarde me peguei olhando post-its.

Mas não eram quaisquer post-its.

Eram pedaços de pequenos, grandes, duendes1 para mim.

Sim, bilhetes para mim, feitos para mim.

No meio de uma tarde de cor estranha, de visão embaçada,

Eu me peguei ouvindo Leminskanções,

Lendo sobre desacumulo de palavras.

Olhei para o lado esquerdo.

Olhei para os dizeres. De novo.

E eu sorri.

Pequenas e simples. Coisas. Me sustentam (ou se preferir: Sustentam-me).

E eu sorri.






 (duendes1 - epifania)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Prometo Falhar - Pedro Chagas Freitas, um "gajo a escrever cenas"

O que é o amor?
O amor é tudo
Amar incansavelmente
Procurar todos os dias
Olhar é fundamental
Descobrir sempre
Sentir o que nunca
ninguém sentiu

Pedro Chagas Freitas, sobre o Amor:




Começo este texto parafraseando um dizer de autoria desconhecida: “O amor não se explica, se sente”. É exatamente essa ideia que me foi iluminada por meio da leitura do livro Prometo Falhar, do Pedro Chagas Freitas (Portugal), que ganhará, em breve, uma edição no Brasil pela Editora Novo Conceito.

Prometo Falhar é um livro com várias crônicas sobre a riqueza dos sentimentos humanos, como a saudade, a nostalgia, a melancolia, os medos, as aflições, a loucura, a paixão entre outros, que evoluem e querem ser, simplesmente: AMOR. É o amor que motiva as personagens do livro.

Amor em todos os tipos de relações. Amor entre pais e filhos, marido e mulher, amantes, avós e netos...   

Amor ao silêncio, à boa conversa, à pele, ao toque, ao corpo, ao orgasmo, ao beijo, ao transcendental, ao olhar, à beleza, à vida... “viver é insuportável e é bom, porra”.

Amor ao animal de estimação, ao espaço, à casa, ao país...

Amor é “inconformação da conformação”, amor é revolução, é fazer diferente, é não ser igual...
“Só o que ultrapassa todos os limites pode mudar o mundo, sabia?”

Amor, acima de tudo, à falha, à imperfeição, à feiura...

Dualidades fortes e perceptíveis no livro: Falhar (Imperfeição) vs Acertar (Perfeição). Uma não existe sem a outra. São essenciais uma para a outra.

Para o escritor “gajo a escrever cenas”, o amor surge da falha, pois ela aproxima as pessoas (lembrando o amor para todos os tipos de relação). Ninguém é perfeito nas relações humanas, há de se tentar fazer o melhor, mas sempre tem um pior no caminho para ser superado. Amor é superação. Ninguém merece ser e estar num pedestal.

“O amor só existe quando alguém desiste de ser perfeito.”
“«Se você voltar a falhar juro que te amo para sempre.»
E ela falhou.”

Amor à escrita, à poesia, a saber usar as palavras certas na hora certa. Amor aos livros, a saber fazer literatura para presentear a amada(o) com palavras...

O ato da escrita é visivelmente importante nas crônicas do livro, que faz dele metalinguagem pura. Escrever supre a falta do amor, sendo necessidade básica para quem ama e sofre a ausência do amor. A escrita só não é mais importante do que amar, do que viver. Mas ela é o complemento da vida, principalmente quando existe a falta, o sofrimento, como também a alegria. Encontramos no livro personagens que possuem seu próprio jeito de lidar com a arte de escrever, assim como lidam com a arte de existir.

“... já chega de te escrever, desculpe, prefiro te amar, é uma sorte você estar aqui lendo e ter gostado do que escrevi até agora, o único erro ortográfico imperdoável é você não gostar, que se danem as obras-primas e os críticos, se é capaz de te amar é arte, mais simples é impossível,”

“...já vai tão longo este texto e eu que só queria escrever que não sei por que escrevo, e temo bem que quando alguém sabe por que escreve não está escrevendo coisa nenhuma, serei provavelmente escasso mas nunca um burocrata das letras, o escritor pode até nem escrever mas o que não pode é não sentir, há tantos gênios que se esqueceram de ser geniais,”

Por fim, há também o amor na colaboração, na parceria, na amizade...

Prometo Falhar só foi possível para o Pedro Chagas Freitas porque existiu a colaboração de seus fãs e leitores, que o ajudaram diariamente na execução e conclusão do livro: “Este livro resulta da colaboração atenta e criativa de muitos dos meus leitores e fãs — que diariamente me foram dando sugestões, abordagens, emoções e vida.”

Perguntaram ao Pedro Chagas se ele Promete Falhar, ele respondeu: “Prometo e cumpro”...
Não neste livro, Pedro, que é sucesso e vale muito a pena. 

“«Prometo falhar.»
Foi a única promessa que ele fez, toda uma filosofia em duas palavras, eu não acreditava na possibilidade da perfeição, nem sequer fazia o que quer que fosse para alcançá-la, pois se não existe por que haveria de procurá-la?, e se deixava viver pelo que tinha à frente, as opções todas, as portas todas, havia sempre uma hora ideal para a felicidade e era sempre agora, o amor só existe quando alguém desiste de ser perfeito.”

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Elena, o filme - Sensações

Elena.

Um filme que depois que a gente assiste até a respiração dói.

Mas não é qualquer tipo de dor.

É um vazio cheio, vontade de gritar.

Elena.

Quando a arte machuca,

quando a arte dói tão profundamente que a vida se torna pouco.

E tudo se transforma em gotas, em água.  

Elena.

Me tornei silêncio depois que assisti.

Me peguei com a mão no peito.

Vazio. Cheio.

Água.

Elena.

Ainda dói.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Dia estranho

Acordar bem.
Tomar café. Preto.
Casual Day.
Ser (não ser) e estar.

A rotina.
Pessoas.

As pessoas vão embora.
Elas passam. 
Elas passam porque nada dura para sempre.
Mas deixam a marca.
A presença.

Somos muitas pessoas que passam na nossa vida.

Hoje a cor está diferente.