segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Momento Epifânico: Esboço [Luiz Tatit]

No último fim de semana (21/22 de fevereiro) estive em São Paulo. Fiz zilhões de coisas em um curto espaço de tempo e deu tudo certo.
Foi ótimo como era de se esperar. Eu sai, vi meus parentes e respirei um pouco da cultura da cidade, que sempre me faz um bem danado.
Por incrível que pareça, ou não, eu só pensava na canção 'Esboço' do Luiz Tatit. Em cada bairro que eu passava eu cantarolava. E é por essa razão que o Momento Epifânico de hoje será em homenagem ao fim de semana em São Paulo e ao incrível compositor, linguista, professor e músico Luiz Tatit.
Deleitem-se:



Esboço

Cara de palhaço
Pinta de boneco
Pula o tempo todo
Não dá nem uma parada
Parece até ligado
Na tomada
Todo emocionado
Com a própria brincadeira
Qualquer coisinha cai
Na choradeira

Uns dizem que é homem
Outros que é mulher
Dizem que é velho
Por isso pinta a cara
Pinta porque é moço
Pinta porque é velho
Pinta porque é macho
Pinta por capricho
Não é por nada disso
Não é homem, não é mulher
Ele é um bicho

E ele passeia, passeia
Passeia como se fosse um turista
E cumprimenta todo mundo
Que freqüenta a Bela Vista
E mesmo que ele esteja sem dinheiro
Dá uma passadinha nos botecos de Pinheiros
Chega com uma cara que dá pena
Mas é gente muito boa
Lá da Vila Madalena
Sempre sobra um copo de cerveja
Fica tão contente
Mas não quer que ninguém veja
Então procura o centro da cidade
Na Liberdade
Lá ele aparece algumas vezes
Lá os seus amigos são chineses
Canta umas canções em pot-pourri
E o pessoal morre de rir
E no fim da noite
Dá o último giro
No Bom Retiro

Meio delirante
Meio inconseqüente
Muito colorido
Um destaque na paisagem
É todo uma figura
Um personagem
Não adianta perder tempo
Desprezando a sua imagem
Pois nunca ele ligou
Pra essas bobagens

Corpo de moleque
Corpo de borracha
Todo amolecido
Dobra tudo
Nada racha
Dizem que é um esboço
Que é alguém de carne e osso
Dizem que é um colosso
Por dentro e por fora
É gente como a gente
A gente sente
Pois se aperta ela chora

E ele vagueia, vagueia
Vagueia como se fosse um cachorro
Avança, volta um pouco
Chegando até Socorro
Lá ele não conhece muita gente
Então pega a Marginal, o Jóquei Clube
E segue em frente
Gosta de entrar um pouco na USP
Gosta de sentir que é estudante
Mesmo que não estude ele embroma
Com tanta perfeição
Que sempre sai com um diploma
E vem pra casa então todo feliz
Em Vila Beatriz
Tem os seus horários de paquera
Tem o seu lugar no Ibirapuera
Tem o seu amor em Santo Amaro
Que ele encontra pelo faro
E tem um gosto muito próprio
E muito raro

Balança a cabeça
Mexe o coração
Passa pela Penha
Pela Lapa, pelo Brás
E já não sabe bem mais
O que faz
Todo envergonhado
Quando encontra uma criança
Perde o rebolado
Sempre dança

Tido como louco
Fala muito pouco
Pula, gesticula
Flexível, inquebrável
Vai ver que ele é amável
Vai ver, é provável
Vai ver que ele é uma fera
Vai ver que ele devora
Vai ver que cê chegando
Bem pertinho, dando um sopro
Ele evapora.

Música:




segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um pouco do muito da teoria da Cultura

Nos últimos meses entrei de cabeça nos estudos, para ser mais específica, entrei com tudo no estudo da teoria da cultura e sociologia, me deu na teia de saber mais sobre algo que gosto tanto, que literalmente falando faz a minha felicidade enquanto ser sendo.

E tenho que confessar que está sendo fantástico. Cultura é tudo, pode até parecer um conceito fácil e piegas, mas a complexidade do signicado é ampla. Tudo que envolve uma socidade é cultura.

E por envolver uma socidade e seus costumes ela nos faz ser tão iguais e tão diferentes dentro de uma cultura compartilhada, e ao compartilharmos ideias (diferentes ou não), princípios, gostos culturais nos tornamos uma sociedade.

Pensar em cada aspecto dessa teoria abre um leque de reflexões: a cultura é culmulativa, passa por gerações, ela vive em constante inovação, até hoje nos baseamos, estudamos e pensamos em escritores como Platão e Aristóteles, nos encantamos e aprendemos com as tragédias e lendas gregas etc. Podemos ter como exemplo também todo o meio pragmático, como por exemplo a tecnologia; nos anos 90 usavamos celulares enormes e com pouca funcionalidade, com o constante estudo de especialistas o celular, o computador estão cada vez menores e avançados.

A cultura engloba desde crenças e valores, regras (leis) e moral (mores) de uma sociedade, passa pela criação intelectual, língua falada e vai até aos patrimônios históricos. Cultura: uma única palavra, muitos significados.

Na história e na atualidade da teoria da cultura há o relativismo cultural, ligado ao respeito a uma cultura diferente da nossa, por causa de preconceitos desse tipo (etnocentrismo), muitas civilizações antigas, junto com seus contumes, desapareceram. Quando nos deparamos com outra sociedade a diferença é a principal característica que temos em comum, e isso é e deve ser visto como algo fascinante.

O conceito de diversidade cultural é tão importante que a UNESCO, em 2001, publicou a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultura.
É preciso ter respeito pelo diferente. Há sempre o que aprender com o desconhecido.
Outra característica atual e importante a ser analisada na teoria cultural é a cultura de massa. A indústria cultural, com a ajuda da TV e do rádio, fez a cultura massificada ganhar força sobre a cultura popular, um exemplo clássico de massificação é a música sertaneja, antes parte de uma cultura e valores, hoje o que mais existe são duplas sertanejas, com músicas empolgantes e iguais, quase não diferenciamos uma dupla de outra. Outro exemplo de massificação são ritmos, bandas, best sellers que explodem em uma determinada época e depois ninguém mais se lembra. É claro que apesar da força da cultura massificada, a cultura popular ainda existe em todo o Brasil e no mundo, diferente em determinada região, e é disso que não podemos nos esquecer.
Há tanto o que escrever e debater sobre a cultura, como já disse anteriormente, ela é ampla e complexa. A cultura está na sociologia, literatura, artes, história etc, levando a manifestações culturais de todos os tipo. É através dela que nos conhecemos e reconhecemos no outro, que entendemos nossa formação, nosso modo de pensar, nossas escolhas (boas ou más). Proponho que demos uma atenção maior a essa teoria, para entendermos e moldarmos cada vez melhor nosso modo de ser e viver.